Entre as pessoas de 14 anos ou mais, 87,0% (147,5 milhões) realizaram afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas em 2018. As mulheres não ocupadas no mercado de trabalho dedicavam 23,8 horas a essas atividades, enquanto os homens nessa mesma situação, 12,0 horas. A diferença também era grande entre mulheres (18,5 horas) e homens (10,3 horas) ocupados.
A taxa de realização de afazeres domésticos das mulheres (92,2%) continuou maior do que a dos homens (78,2%), mas essa diferença (14 pontos percentuais )) foi maior em 2016 (17,9 p.p) e em 2017 (15,3 p.p.).
Cozinhar foi a atividade com a maior diferença entre os sexos (34,7 p.p.). A taxa de realização dessa atividade entre os homens (92,7%) e as mulheres que moram sozinhos foi próxima (97,1%). Já entre os homens em coabitação na condição de responsáveis (58,4%) ou de cônjuges (57,1%), esse percentual foi bem menor do que o das mulheres nas mesmas condições (97,6% e 97,9% respectivamente).
O percentual de mulheres (37,0%) que realizavam cuidado de pessoas também se manteve maior do que o dos homens (26,1%). Os homens sem instrução ou com fundamental incompleto tiveram a menor taxa de realização (22,0%). Já a faixa etária de 25 a 49 anos apresentou o maior percentual tanto para homens (37,0%) quanto para mulheres (49,8%).
Entre as pessoas com 14 anos ou mais, 7,2 milhões (4,3%) fizeram trabalho voluntário na semana de referência da pesquisa. Desse total, 48,4% realizavam o voluntariado quatro ou mais vezes por mês, enquanto 15,6%, eventualmente ou sem frequência definida. O tempo médio dedicado era de 6,5 horas semanais.
Já a produção para o próprio consumo era realizada por 13,0 milhões de pessoas em idade de trabalhar (7,7%). Essa taxa vem crescendo desde 2016 (6,3%). Entre os que produzem para o próprio consumo, a maior parte (76,7%) realiza a atividade de cultivo, pesca, caça e criação de animais.
Esses são alguns dos destaques do suplemento Outras Formas de Trabalho, da PNAD Contínua 2018. Em 2018, 147,5 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas, seja no próprio domicílio, seja em domicílio de parente. Esse número corresponde a 87,0% da população em idade de trabalhar. Em relação a 2017, quando a taxa de realização era de 86,0%, houve um acréscimo de 3,1 milhões de pessoas.
A taxa de realização de afazeres domésticos e/ou cuidado de pessoas era bem maior entre as mulheres (93,0%) do que entre os homens (80,4%). Além disso, as horas semanais gastas pelas mulheres (21,3 horas) nessas atividades eram, em média, quase o dobro das gastas pelos homens (10,9 horas).
Mesmo em situações ocupacionais iguais, as mulheres dedicavam mais horas a afazeres domésticos e cuidado de pessoas do que os homens. Com isso, elas acabaram tendo menos tempo disponível para o trabalho remunerado.
Média de horas dedicadas a afazeres e/ou cuidados
Homem ocupado 10,3
Mulher ocupada 18,5
Homem não ocupado 12,0
Mulher não ocupada 23,8
Em 2018, 85,6% das pessoas de 14 anos ou mais realizaram afazeres domésticos, em seu próprio domicílio ou em domicílio de parente. Esse percentual corresponde a 145,1 milhões de pessoas, um acréscimo de 3,3 milhões em comparação a 2017 (84,4%).
O aumento da taxa foi maior para os homens (1,8 p.p.) do que para as mulheres (0,5 p.p), mas o percentual de mulheres (92,2%) continuou maior do que o de homens (78,2%). Porém essa diferença (14 p.p.) era ainda maior em 2016 (17,9 p.p.) e em 2017 (15,3 p.p.), o que indica uma tendência de redução.
A taxa de realização das mulheres foi bastante elevada, sobretudo nas condições de cônjuge (97,3%) ou responsável pelo domicílio (95,3%). Entre os homens, a maior taxa foi a dos responsáveis pelo domicílio (86,5%), seguida pela dos cônjuges (82,4%). A condição de filho apresentou as menores taxas, tanto para homens (65,0%) quanto para mulheres (84,4%), mas a taxa dos homens nessa condição foi a que mais aumentou (2,6 p.p.).
A região Centro-Oeste (88,6%) registrou o maior percentual de realização de afazeres domésticos e o Nordeste (81,0%), o menor. A maior diferença entre as taxas de realização de homens e mulheres estava no Nordeste (20,9 p.p.) e a menor, no Sul (10,1 p.p.).
Taxa de realização de afazeres domésticos aumenta com a escolaridade
A realização de afazeres domésticos continuou maior entre os adultos de 25 e 49 anos (89,4%), apesar do maior aumento ter ocorrido no grupo etário de 14 a 24 anos (2,4 p.p.). A taxa também permaneceu maior entre as pessoas ocupadas (88,0%), do que entre as não ocupadas (82,8%). Entre as mulheres, essa diferença não é tão relevante (5 p.p.) quanto é para os homens (11,9 p.p.), mostrando um traço da dupla jornada feminina.
Entre as pessoas com ensino superior completo, 90,1% realizaram afazeres, enquanto entre aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto a taxa foi de 82,2%. A realização de afazeres domésticos cresce com o aumento da escolaridade, no entanto, o maior aumento no período foi no ensino médio completo e superior incompleto: de 86,3% (2017) para 88,0% (2018).
A diferença na realização de afazeres por nível de instrução é menor entre as mulheres: 90,1% (sem instrução ou com fundamental incompleto) e 93,4% (ensino superior completo). Já entre os homens, a diferença é mais relevante: 74,3% (sem instrução ou com fundamental incompleto) e 85,4% (superior completo).
Homens em coabitação nas condições de responsáveis ou cônjuges realizam menos afazeres do que as mulheres nessas mesmas condições
A pesquisa mostra também o percentual de pessoas que realizaram afazeres domésticos no próprio domicílio pelo tipo de atividade. “Fazer pequenos reparos ou manutenção do domicílio, automóvel, de eletrodomésticos etc.” foi a única em que as mulheres (30,6%) tiveram a taxa de realização menor do que a dos homens (59,2%).
Entre as atividades em que a taxa das mulheres foi maior, cozinhar (34,7 p.p.), lavar roupas e calçados (36,9 p.p.) e limpar o domicílio (13,9 p.p.) foram as três com as maiores diferenças entre os sexos. Em cada uma delas, a taxa dos homens responsáveis pelo domicílio que moram sozinhos foi bem próxima à das mulheres. Já entre os homens em coabitação nas condições de responsáveis ou cônjuges, o percentual foi bem menor do que o das mulheres nessas mesmas condições, mostrando, possivelmente, a divisão sexual do trabalho em casa.
Cuidado de pessoas: Taxa de realização é de 37% para as mulheres e de 26,1% para os homens
Em 2018, 54,0 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram cuidados de crianças, idosos ou pessoas enfermas – moradores do domicílio ou parentes não moradores -, o que corresponde a uma taxa de 31,8%. Em relação a 2017 (31,5%), houve um aumento de 974 mil pessoas. A realização de cuidados foi maior no Norte (38,0%) e menor no Sul (30,7%).
De 2017 para 2018, a taxa das mulheres permaneceu em 37,0% e a dos homens passou de 25,6% para 26,1%. No entanto, continua expressiva a diferença entre os sexos (10,9 p.p.). As mulheres da região Norte tiveram a maior taxa (44,9%) e os homens do Nordeste, a menor (24,3%).
Entre os grupos de idade analisados, a maior taxa de realização foi a de pessoas de 25 a 49 anos (43,7%), faixa etária em que é mais provável a presença de filhos no domicílio. Entre os jovens de 14 a 24 anos, a taxa foi de 26,5%, enquanto entre os maiores de 49 anos, 19,6%. As mulheres de 25 a 49 anos tinham a maior taxa de realização (49,8%) e os homens 50 anos ou mais, a menor (15,8%).
A realização de cuidados era maior entre aqueles que se declararam pardos (33,7%), seguida pelos pretos (32,4%) e brancos (29,7%). A diferença na taxa dos homens pardos em relação aos homens brancos foi de 1,6 p.p., enquanto entre mulheres pardas e brancas, 6,5 p.p..
Homens sem instrução ou com fundamental incompleto têm a menor taxa de realização de cuidados.
Entre as pessoas sem instrução ou com fundamental incompleto, 27,0% realizaram cuidados, enquanto entre aquelas com superior completo esse percentual foi de 34,0%. Essa tendência da taxa aumentar com o nível de instrução é marcada pelo comportamento dos homens. Entre os com superior completo, a taxa foi de 30,6% e entre os sem instrução ou com fundamental incompleto, 22,0%.
No caso das mulheres, o maior percentual ocorreu entre aquelas com ensino fundamental completo e médio incompleto (41,1%), seguida pelas mulheres com médio completo e superior incompleto (40,6%) e caindo para 36,4% entre as com nível superior completo.
A realização de cuidados foi maior entre as pessoas ocupadas (34,0%) do que entre os não ocupados (29,3%). A diferença é bem maior para homens (11,7 p.p.) do que para as mulheres (3,2 p.p.).
Os cuidados de moradores do domicílio foram destinados, predominantemente, para crianças e adolescentes de até 14 anos: 50,7% para morador de 0 a 5 anos e 51,1%, 6 a 14 anos.
A atividade mais frequente foi o monitoramento dentro do domicílio, tanto entre os homens (87,9%) quanto entre as mulheres (91,6%). Já a com menor percentual foi o auxílio nas atividades educacionais: 60,7% para homens e 72,0% para mulheres. As maiores diferenças de percentual entre homens e mulheres foram no auxílio nos cuidados pessoais (18,6 p.p.) e auxílio nas atividades educacionais (11,3 p.p.).
Trabalho voluntário: taxa de realização aumenta com a escolaridade
Em 2018, 7,2 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram trabalho voluntário na semana de referência da pesquisa, o que corresponde a 4,3% dessa população. Esse percentual foi maior entre as mulheres (5,0%) e entre as pessoas ocupadas (4,6%). Em 2017, a taxa de realização de trabalho voluntário era de 4,4%.
O trabalho voluntário, em geral, cresce com a idade, exceto nas regiões Norte e Nordeste, onde a maior taxa ocorreu entre as pessoas de 25 a 49 anos (5,5% e 3,5%, respectivamente). As pessoas de 50 anos ou mais da região Sul apresentaram a taxa de realização mais elevada (6,0%), enquanto os jovens de 14 a 24 anos da região Nordeste apresentaram a menos elevada (2,3%).
A realização de trabalho voluntário aumenta com a escolaridade. A taxa era de 2,9% para as pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto e de 8,0% para aquelas com ensino superior completo.
Tempo médio dedicado ao trabalho voluntário é de 6,5 horas semanais
O trabalho voluntário pode ser feito individualmente ou através de empresa, organização ou instituição. A proporção de pessoas que o realizam de forma individual foi pequena, mas vem crescendo a cada ano: 8,4% em 2016; 9,0% em 2017 e 9,8% em 2018.
Entre as pessoas que fizeram trabalho voluntário, 79,9% o realizaram em congregação religiosa, sindicato, condomínio, partido político, escola, hospital ou asilo e 13,0% em associação de moradores, associação esportiva, ONG, grupo de apoio ou outra organização, sendo que a pessoa pode ter feito em mais de um local.
Em relação à frequência, 48,4% responderam realizar quatro ou mais vezes por mês, enquanto 15,6%, eventualmente ou sem frequência definida. Já o tempo médio dedicado era de 6,5 horas semanais.
Produção para o próprio consumo: taxa vem crescendo a cada ano
Em 2018, 13,0 milhões de pessoas de 14 anos ou mais realizaram produção para próprio consumo. A taxa vem crescendo desde 2016, quando foi de 6,3%, passando para 7,3% em 2017 e chegando a 7,7% em 2018.
Essa taxa era maior entre os homens (8,4%) e entre as pessoas não ocupadas (8,7%), que foram as categorias com maior aumento entre 2017 e 2018 (0,5 p.p.).
A realização de produção para o próprio consumo aumenta com a idade. Entre os jovens de 14 a 24 anos o percentual era de 3,4% e entre os com 50 anos ou mais, de 11,0%. As Regiões Nordeste (14,8%) e Sul (14,7%) tiveram as maiores taxas de realização para as pessoas com 50 anos ou mais. Esse grupo de idade também teve o maior aumento de um ano para o outro, sobretudo entre os homens (0,9 p.p.).
A taxa de realização de produção para o próprio consumo tem relação inversa com a escolaridade: 13,2% entre as pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto e 3,1% entre as com ensino superior completo.
De um ano para o outro, houve aumento da taxa em todos os níveis de instrução (0,4 p.p. em cada nível). No entanto, separando por sexo, o maior aumento ocorreu entre os homens sem instrução ou com ensino fundamental incompleto (0,9 p.p.).
Cultivo, pesca, caça e pecuária é a atividade de próprio consumo predominante
Em relação às atividades de próprio consumo, 76,7% afirmaram realizar cultivo, pesca, caça e criação de animais; 14,5%, produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material; 13,7%, fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos e 8,0%, construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras para próprio uso. Uma pessoa pode ter realizado mais de um tipo de atividade. Em relação a 2017, houve redução do percentual apenas no grupo de atividades “produção de carvão, corte e coleta de lenha, palha ou outro material” (- 2,3 p. p.).
O único grupo em que as mulheres (27,5%) tinham percentual maior que o dos homens (1,0%) foi fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos, que também foi o que apresentou a maior diferença de percentual entre os sexos (26,5 p.p.).
O percentual de produção do grupo cultivo, pesca, caça e criação de animais, que foi maior em todas as regiões, variou de 66,3% (Sudeste) a 82,2% (Norte). O grupo de produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material era mais presente no Nordeste (20,2%) e menos no Centro-Oeste (7,8%).
Já o grupo de fabricação de calçados, roupas, móveis, cerâmicas, alimentos ou outros produtos teve percentual menor no Norte (8,5%) e no Nordeste (7,1%) e maior na região sudeste (20,7%). O Sudeste teve o maior percentual de pessoas realizando construção de prédio, cômodo, poço ou outras obras (13,0%) e a região Nordeste, o menor (4,3%).
Na construção, a média de horas trabalhadas foi de 13,4 horas e na produção de carvão, corte ou coleta de lenha, palha ou outro material, 4,3 horas semanais. O grupo de atividades, com a maior diferença de tempo trabalhado entre homens e mulheres foi cultivo, pesca, caça e criação de animais (3,2 horas a mais para os homens).
Fonte: IBGE
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