Após demissões, Sindicato não negociará pauta para redução de direitos

O Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) negociou há pouco mais de um mês uma alteração no calendário, com a aprovação dos trabalhadores da Toyota, com o objetivo de salvar postos de trabalho e sempre esteve disponível para realizar negociações pela manutenção do emprego na planta. Mas um mês depois, de forma unilateral, a Toyota anuncia o fechamento do terceiro turno.

Por conta das demissões, os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região (SMetal) não discutirão nenhum ponto da pauta, enviada pela montadora da Toyota no início das negociações.

A pauta era para rever benefícios dos trabalhadores da planta de Sorocaba, como adicional noturno, reajuste salarial, e mais 18 itens para que a planta pudesse se adequar à queda na exportação de automóveis para a Argentina, devido à crise promovida pela política neoliberal.

No início das negociações a montadora afirmou ser preciso demitir 340 trabalhadores e discutir a pauta para evitar novas demissões. Como a montadora anunciou nesta semana que o número de trabalhadores demitidos, de forma unilateral, será maior, os dirigentes sindicais se recusam a rever qualquer benefício.

A partir do dia 5 de agosto a planta de Sorocaba voltará a atuar com dois turnos. Confira aqui como foram as negociações do sindicato para as 740 contratações para a criação do terceiro turno.

“Diante desse cenário que está pior em relação ao início das negociações, no qual exigimos a manutenção dos postos de trabalho, não podemos admitir a flexibilização de nenhum direito e continuamos fortes nas ações para buscar junto à montadora investimentos para a planta de Sorocaba”, ressalta o presidente do SMetal, Leandro Soares.

A produção total de carros da planta de Sorocaba, prevista para este ano, era de 160 mil, foi revista para 141 mil, caiu para 136 e agora, deve ser de 125 mil automóveis, mesmo número de 2018.

Antes de ser atingido pela crise a Toyota previa a produção de 200 mil veículos até 2021.

“Temos insistido e trabalhado para buscar novos investimentos e políticas de desenvolvimento para que os que estejam sendo demitidos possam retornar à fábrica o quanto antes. É preciso investimento dos governos nos âmbitos estadual e federal”, explica Leandro.

Em Sorocaba, a Toyota exportava 30% de sua produção, sendo que 28% tinha como destino a Argentina, que está em uma longa crise, atualmente, na fase mais aguda. “A mesma política neoliberal que foi implantada na Argentina, que reduz a intervenção do Estado nas políticas industriais, por exemplo, está sendo conduzida no Brasil. O cenário econômico no nosso país também exige total atenção para que se evite chegar a uma recessão como a vivida no país vizinho”, afirma o economista da subseção do Dieese dos Metalúrgicos de Sorocaba, Fernando Lima.

De acordo com a montadora, entre pátio e concessionárias a Toyota já contabiliza 32 dias de estoque de Etios e Yaris, sendo que antes, era de aproximadamente uma semana.

Futuro

Uma das medidas de sustentação para a planta da montadora é a obtenção da plataforma global de veículos (TNGA). Todas as plantas da montadora japonesa no mundo estão passando por modificação, inclusive as do Brasil. A intenção dessa ampliação iniciada no ano passado é receber a plataforma global de veículos, que aumentaria a possibilidade novos projetos. Apesar das ampliações estarem sendo realizadas em todas as plantas, não há garantia qual planta terá a plataforma.

Devido a essa ampliação na unidade da montadora, em Sorocaba, o calendário deste ano já contempla férias coletivas para um período de julho, assim como já teve em janeiro e ainda terá em outubro.

“Nossa luta é para que a Toyota retome o potencial de produção na cidade para chegarmos aos 400 mil carros, com oito mil trabalhadores, como era a intenção inicial, antes dessa crise neoliberal ter atingido a fábrica”, pontua o presidente do SMetal, Leandro Soares.

Em relação à reação das sistemistas da Toyota os dirigentes sindicais informam que nenhuma ação deve ser tomada antes de se discutir garantias sociais e medidas preventivas com o sindicato.

Fonte:  cut – 24/06/2019

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