O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) – filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT) -, através de sua Regional Luziânia/Valparaíso impediu que um pagamento no mínimo suspeito fosse parar nos bolsos do prefeito de Luziânia – cidade situada a cerca de 200 quilômetros de Goiânia (GO) e com aproximadamente 200 mil habitantes.
O prefeito Cristóvão Vaz Tormin (PSD) mandou a prefeitura pagar a ele mesmo a quantia de R$ 581.687,00, a título de “diferença salarial entre 2014 e 2019”. O que ele não contava é que a presidente da Regional do Sintego, professora Cláudia Albernaz, estava atenta ao Portal da Transparência e ficou intrigada com esse processo, criado e liquidado no mesmo dia, apesar da soma vultosa.
“No dia 30 de dezembro fomos informados sobre um Projeto de Lei (PL) que iria beneficiar os servidores da Educação com recursos do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Era uma cortina de fumaça para desviar nossa atenção, mas não funcionou”, conta Cláudia.
Ação Popular
A Regional do Sintego Luziânia/Valparaíso entrou imediatamente com uma ação popular junto ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), que pediu o bloqueio das contas de Tormin. Conforme os cálculos dos promotores, o agora ex-prefeito de Luziânia estava se concedendo um reajuste superior a 30%, lembrando que seu salário de R$ 26 mil mensais era o maior entre todos os prefeitos goianos, inclusive o da capital do Estado.
“É inusitado e questionável que nas últimas horas do expediente bancário do exercício de 2020 e às vésperas de terminar seu mandato, o prefeito mande sua administração pagar-lhe quase R$ 600 mil. Nós, do Sintego, repudiamos toda ação que venha causar dano ao erário público e aos servidores”, pontua Cláudia Albernaz.
Cristóvão Tormim chegou a ser afastado da prefeitura de Luziânia por oito meses em 2020, acusado de assédio sexual contra servidoras do município. Mesmo assim, recebeu seus vencimentos normalmente nesse período. Agora o MP-GO investiga mais esse escândalo, que, não fosse pela vigilância do sindicato, poderia ter passado em brancas nuvens.
Fonte: Maísa Lima – CUT/GO / Foto: G1 – 07/01/2021