Pochmann debate leis trabalhistas para as novas relações de trabalho

O mundo do trabalho está em constante mudança e com a pandemia acelerou o processo de home office ou trabalho híbrido, e que trouxe várias questões pertinentes, como direitos e afins.

O ex-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o economista Márcio Pochmann, sugere a criação de uma legislação trabalhista específica para as novas formas de trabalho.

“O mundo do trabalho de certa forma não se enquadra mais na perspectiva salarial tradicional”, afirma ele.

Pochmann atualmente é presidente do Instituto Lula há cerca de um ano, tendo realizado na entidade estudos sobre o assunto, ainda em fase inicial.

“É importante, dialogando com o futuro, ter algo que dê conta das diferentes realidades que o país tem”, afirma o economista, que também é professor da Unicamp e da Universidade Federal do ABC.

As questões trabalhistas estão presentes desde o início deste ano e os prováveis candidatos à presidência têm colocado suas opiniões sobre o assunto, principalmente a reforma trabalhista de 2017 durante o governo Temer, que já dita por Lula que pode ser revogada.

Para Pochmann, a discussão que precisa ser feita é até que ponto retornar ao status quo anterior aumentará a massa de assalariados.

“Se vencer essa visão de que temos de desfazer tudo e voltar a ser o que era em 2016, a situação do emprego melhora?, questiona. “Significa o quê, para o pessoal das plataformas digitais, dessa nova forma de relação de trabalho?”.

Para ele, é importante olhar para frente para oferecer respostas às mudanças drásticas nas relações trabalhistas que envolvem os trabalhadores por aplicativo e do home-office.

“A CLT é uma carta para quem trabalha fora de casa. Mas a era digital impõe a possibilidade de trabalhar em qualquer lugar. Por isso, é preciso uma carta do trabalho que olhe isso também”, afirma.

Pochmann acredita que terá apelo essa demanda por diversos segmentos da sociedade, em especial os trabalhadores mais novos, que nunca tiveram uma carteira assinada. “Temos uma parte da juventude hoje que jamais teve relação salarial. Se você acredita que é possível o assalariamento voltar a crescer, tem que explicar como vai fazer isso”.


Fonte:  Redação Mundo Sindical – Manoel Paulo com informações da Folha de São Paulo – 26/01/2022