Empresa reduz jornada de trabalho em 2 horas e produtividade aumenta 25%

Uma experiência que tem dado certo em alguns países do mundo, começa a ser mais aplicada no Brasil: a redução de jornada de trabalho, sem prejuízo aos salários dos trabalhadores.

A empresa Solpack Agronet, de Rio das Pedras, interior de São Paulo, começou a colocar em prática a jornada reduzida de oito para seis horas, em 2020, auge da pandemia da covid-19, mas manteve o valor dos salários e com isso obteve 25% de aumento na produtividade.

O resultado foi sentido também na saúde dos trabalhadores que reduziram o número de atestados médicos entregues para justificar faltas porque, segundo a diretora Alda Maria Car , agora há um tempo a mais de folga que eles podem usar para cuidar da saúde e fazer tratamentos, para além de apenas emergências médicas.

No início os beneficiados foram os trabalhadores da linha de produção, que passaram a atuar em quatro turnos de seis horas, em vez de três turnos de oito horas, após a contratação de novos funcionários, que passaram de 184 antes da mudança para 302 colaboradores agora.

A diretora da Solpack Agronet, que produz embalagens raschel (sacos plásticos para frutas) e telas para sombreamento para agricultura e uso decorativo, disse ao G1, que tomou a decisão após perceber o cansaço dos funcionários, e isso gerava incômodo. “Às vezes eu chegava e via um funcionário com suor embaixo do braço na camiseta e pensava nossa, essa pessoa está morrendo de trabalhar”.

Ainda segundo ela, “pesquisas pelo mundo que mostram que a gente não tem condição de absorver mais do que cinco horas e meia focado”.

Este ano, os setores administrativos também foram contemplados. Os funcionários trabalham as seis horas diárias, com 15 minutos de intervalo, e não podem, por lei, fazer hora extra. No caso do administrativo, são cinco dias de trabalho por semana. Na linha de produção, são seis. A empresa, que antes oferecia uma refeição, agora fornece um lanche para os colaboradores.

Redução de jornada e manutenção de salários é positiva, diz economista

Em entrevista ao PortalCUT, a economista do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, Marilane Teixeira, já analisava em 2021, que a “as experiências internacionais mostram que reduzir a jornada, ao invés de aumentar custos, aumenta a produtividade. As pessoas trabalham mais felizes, mais satisfeitas e o que se faz em 44 horas, se faz em 40 horas. O que se faz em cinco dias, se faz em quatro”.

Segundo ela, os resultados positivos beneficiam a sociedade como um todo, já que além de ser uma forma de reorganizar para melhor a vida social, haverá também um impacto no mercado de trabalho.

“Com jornadas menores, quem trabalha vai ter mais tempo para lazer, para os estudos, para a vida pessoal, vão aproveitar melhor o tempo, inclusive consumindo mais. A atividade econômica também melhora”, afirma a economista.

“Com mais consumo, haverá maior demanda de produção e de serviços. Com jornadas reduzidas, empresas deverão contratar mais trabalhadores. Claro que não resolve o problema do desemprego, já que há uma competição muito forte do mercado de trabalho com o avanço da tecnologia, mas é um caminho a ser trilhado para diminuir os níveis que temos hoje”, afirmou Marilane.

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Fonte:  Redação CUT | Editado por: Rosely Rocha – CUT – 25/07/2022