É preciso politica que gere emprego, trabalho e renda no Nordeste

Ainda no primeiro dia do encontro do fórum das CUTs do Nordeste, aconteceu uma análise de conjuntura com a participação de Maria Fernanda Coelho, subsecretária do Programa Consórcio Nordeste, Fausto Augusto Júnior, diretor técnico do DIEESE e Roberto Silva dos Santos, presidente da CUT Sergipe e coordenador na região Sul do Fórum das CUTs.

A subsecretária trouxe um histórico de como se formou o consórcio e também as experiências vividas pelo programa.

Em termos de legislação, os consórcios por região foram criados por lei em 2005 e consolidado através de decreto em 2007, antes mesmo do consórcio existia o fórum dos governadores e foi desse espaço que em 2019 nasce o consórcio, principalmente por conta da falta diálogo do governo Bolsonaro com os governos da região no sentido de construir políticas de desenvolvimento na região e de superação das dificuldades, o que se viu e vê é o desmonte das políticas públicas.

“É muito gratificante participar de espaços como esse, não só para falar da experiência do Consórcio, mas principalmente para ouvir os trabalhadores e trabalhadoras”, disse Fernanda.

O consórcio tem como eixos: contratações de serviços e ações integradas, compartilhamento de boas práticas, diagnósticos integrados da região, fortalecimento das capacidades através da fusão de recursos e sinergias, estabelecimentos de parcerias, formação de redes colaborativas e promoção de inovação.

Ela destacou também o quão foi exitosa a ação do consórcio no enfrentamento à Covid 19. “O Nordeste tem 27% da população e mesmo com políticas pública, os piores índices sociais, mas ações conjuntas dos Estados e pelo acompanhamento científico, através do consórcio, faz com a região tenha a menor média nacional de óbitos”, explicou a subsecretária.

Fernanda também trouxe reflexões e desafios para o consórcio no próximo período: incorporar nos nossos conteúdos de conhecimento a ciência, a tecnologia e a inovação articulados com os saberes regionais; elaboração de políticas regionais tendo o território como elemento central para a construção dessas políticas; acesso ao crédito como indutor de mudanças; articulação com os movimentos populares, necessidade de conexão entre ciência e política, prioridades coletivamente definidas para a superação da pobreza e da extrema pobreza.

Nordeste em números

Fausto Augusto do DIEESE trouxe para a ajudar na análise, números da região e como eles mostram o caminho que devemos percorrer para superar as dificuldades.

A região é hoje responsável por quase um terço da população do país, mas ela gera somente 14% do PIB brasileiro e isso se deve a uma economia pouco dinâmica, com baixa capacidade da iniciativa privada de investir, mercado consumidor de itens básicos e fortemente influenciado pela conjuntura e a dicotomia agronegócio x agricultura familiar.

“É preciso que tenhamos em mente que o Brasil tem uma dívida histórica com a região Nordeste

O momento atual na região, estimulado por ações do governo Temer e ampliadas pelo governo Bolsonaro, é de desorganização das políticas sociais nacionais, reconcentração da escala produtiva, desinvestimento da Petrobrás, desindustrialização e privatização.

O diretor do DIEESE também afirmou que para a região avançar é preciso uma nova matriz de desenvolvimento social e econômico que envolva: direitos sociais, cultura, meio ambiente, tecnologia, energia, agricultura familiar, economia solidária e comunitária.

“Não estamos vivendo um momento qualquer, provavelmente está em curso um daqueles momentos de curva da história, pois agora não vamos somente decidir nosso futuro nos próximos quatro anos, mas dos próximos cinquenta anos”, afirma Fausto.

Ele também faz a reflexão de que precisamos olhar com bastante atenção e esperança este momento, pois temos a possibilidade de retomar um projeto para o nosso país.

 

A vitória não está dada

O presidente da CUT Sergipe, professor Roberto Silva dos Santos ressaltou que não podemos trabalhar numa perspectiva de que a vitória de Lula já é um fato, não é. Para ele é preciso que estejamos nas ruas, mobilizando a classe trabalhadora para que seja o motor dessa mudança.

Para o dirigente sindical, a derrota de Bolsonaro não significará que tudo mudará de imediato,pois a destruição do país é muito profunda.

Pois mesmo com a vitória de Lula, o governo estará sempre em disputa, pois os desafios são enormes. Taxação das grandes fortunas, reindustrialização, revogação das reformas da previdência, trabalhista, ensino médio, do teto de gastos. Isso sem contar com um amplo debate sobre o militarismo em nosso país, da violência que é impingida à classe trabalhadora.

“Não podemos pensar que estamos em um momento de administrar a vitória de Lula, pois só ela não é suficiente, precisamos estar nas ruas, convencendo as pessoas que o Brasil só fará uma mudança com a nossa participação, com as nossas construções e reflexões”, afirmou.


Fonte:  Caroline Rejane – CUT Sergipe – 01/08/2022