Prevenção a adoecimento mental na Caixa: bancários cobram canal específico com direção da empresa

Os empregados da Caixa Econômica Federal reivindicam o restabelecimento de canal direto e específico com o banco para a melhoria das condições de trabalho na estatal e a prevenção do adoecimento mental dos empregados. Em reunião com representantes da Caixa, representantes dos trabalhadores cobraram a retomada do “GT Saúde do Trabalhador”.

“Queremos ações efetivas para a proteção da saúde dos empregados e o combate a qualquer tipo de assédio no banco”, defende o presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto. “Resultados dos diferentes alertas feitos pela Fenae sobre cobrança de metas inatingíveis, jornadas de trabalho abusivas e assédio moral foram evidenciados na pesquisa da Fenae sobre a saúde mental dos bancários da Caixa e confirmados nas dezenas de denúncias de assédios sexual e moral apresentadas por empregadas e empregados da empresa”, ressalta Takemoto.

O retorno do “GT Saúde do Trabalhador” foi reivindicado, na última semana, durante a terceira reunião de negociação específica de demandas dos trabalhadores da Caixa, dentro da Campanha Nacional 2022 dos bancários, cuja data-base é 1º de setembro. Os representantes dos empregados reforçaram que o modelo de gestão da empresa tem resultado em doenças mentais relacionadas ao ambiente de trabalho.

Durante o encontro, o coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa Econômica Federal (CEE/Caixa) e diretor de Administração e Finanças da Fenae, Clotário Cardoso, destacou a pesquisa de saúde realizada pela Federação. O estudo apontou que o adoecimento mental é o principal motivo de afastamento dos empregados do banco público.

“Os dados levantados por essa pesquisa mostram que o ambiente de trabalho na Caixa é tóxico”, enfatizou Cardoso. “A pressão por metas desumanas, assédios moral e sexual e a sobrecarga de trabalho geram doenças que deixam sequelas não só para os trabalhadores como também para suas famílias, pela vida toda”, acrescentou.

Pesquisa divulgada pela Fenae, este ano, revelou o aumento da quantidade de empregados do banco público submetidos a assédio moral: 6 em cada 10 bancários afirmaram ter passado por este tipo de situação. Em estudo anterior encomendado pela Fenae à Universidade de Brasília (UnB), o índice chegava a 53,6%.

A atual pesquisa, que ouviu mais de três mil trabalhadores da Caixa em todo o país, também comprovou que o trabalho no banco estava afetando a saúde de 80% dos empregados. Trouxe, ainda, outros dados alarmantes: 33% estavam afastados por depressão, 26% por ansiedade, 13% por Síndrome de Burnout e 11% por Síndrome do Pânico.

AÇÕES INSUFICIENTES — Os representantes dos bancários da Caixa também reivindicaram, na reunião de negociação, que as entidades sejam incluídas na elaboração de programas de melhoria da qualidade de vida dos empregados, conforme prevê o Acordo de Coletivo de Trabalho (ACT) em vigor. Cobraram, ainda, que fosse informada a quantidade de Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) emitidas e as respectivas motivações, referentes aos anos de 2021 e 2022.

O coordenador da CEE observou que os casos de Covid-19 contraída por empregados em decorrência da atividade laboral devem ser caracterizados como acidente de trabalho. “Os bancários da Caixa tiveram um papel fundamental para o país, especialmente durante a pandemia, no atendimento à população mais necessitada. Este esforço trouxe adoecimento e mortes pela Covid-19”, ressaltou Clotário Cardoso.

Fonte:  Assessoria de Imprensa Fenae – 02/08/2022